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A luz de Lisboa é mágica. Capaz de encantar poetas, pintores e cineastas, a capital seduz e embala quem nela se aventura. Pelas ruas pitorescas de Alfama, entre miradouros e um mergulho no mar, atravessámos o Tejo para ver a cidade de longe, antes de percorrer as estradas de Sintra, à procura de castelos e de histórias de encantar.
Muitas horas de sol, casas pintadas de cores claras, as colinas e até a calçada portuguesa são algumas das razões que explicam a luz de Lisboa. Também há a localização geográfica privilegiada e o Tejo, o seu refletor natural.
A verdade é que o resultado é cinematográfico e contribui em grande parte para o sucesso da cidade enquanto destino turístico mundial. Mas há quanto tempo não assiste a todo este cenário ao vivo? Há quanto tempo não sai de casa para passear e usufruir da capital? É precisamente o que lhe sugerimos, que pegue no carro e saia de casa.
As sete colinas oferecem vistas magníficas e uma ideia romântica. Que tal fazer um périplo pelos miradouros de Lisboa? Uns mais conhecidos, com direito a esplanada, outros mais afastados e com menos gente, estas “varandas com vista” fazem parte da alma da cidade e estão à distância de uns minutos. Basta deixar-se ir.
Começamos bem no centro da cidade, no alto do Parque Eduardo VII, um amplo jardim que todos os anos recebe a Feira do Livro com vista aberta para a Avenida da Liberdade. Daqui seguimos em direção à Baixa e depois a um dos mais pitorescos bairros alfacinhas: Alfama. É aqui, na subida da Sé, que encontramos os muito concorridos miradouros de Santa Luzia e, logo depois, o das Portas do Sol, onde existe um moderno parque de estacionamento automático. Para quem se aventurar pelas ruas sinuosas daquele que é o berço do espírito alfacinha, vale a pena parar no miradouro de Santo Estêvão, um segredo escondido, situado junto à igreja barroca de Santo Estêvão, classificada Monumento Nacional.
Escusado será dizer que é obrigatório ir até ao castelo de São Jorge, na mais alta colina de Lisboa. A entrada é gratuita para residentes (basta mostrar o cartão de cidadão) e a vista um verdadeiro cartão-postal que muitos de nós só recordam de uma visita muito antiga… Continuando em direção à Graça, é a vez de parar para beber um café no miradouro da Graça, batizado formalmente como miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, enquanto observa a vista panorâmica que vai até ao rio, atravessando a Mouraria e a Baixa Pombalina.
Avançamos mais um pouco até ao miradouro da Senhora do Monte, que em tempos já foi um dos mais bem guardados da cidade. Sugerimos depois que vá até ao Panteão Nacional, ali ao lado. Este emblemático monumento nacional, além de acolher os túmulos de grandes vultos da História de Portugal, possui no terraço um dos mais belos miradouros de Lisboa, sabia?
Do outro lado da cidade, junto ao Bairro Alto, fica outro dos miradouros mais conhecidos, o de São Pedro de Alcântara, que à noite ganha um encanto especial, tendo como pano de fundo o castelo de São Jorge. Mas não nos detemos por aqui. Santa Catarina ou Adamastor é um dos preferidos pelos mais jovens e os Terraços do Carmo, parte do projeto de reabilitação do Chiado elaborado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, um dos favoritos dos muitos turistas que ocuparam esta zona da cidade, onde está o bar/restaurante TOPO Chiado que se espalha pelos 1.500 metros quadrados de área dos terraços em três níveis diferentes.
Para quem prefere águas mais calmas, sugerimos que volte a pegar no carro e rume ao Jardim das Necessidades, um recanto escondido e ambiente tranquilo que surpreende também pela vista. O mesmo se pode dizer do miradouro de Santo Amaro, junto a uma pequena capela com o mesmo nome, já em Alcântara. E porque falamos de vistas privilegiadas sobre o rio e o sol começa a pôr-se no horizonte, sugerimos que rume literalmente até às margens do Tejo. Estacione perto do MAAT e aproveite para subir até ao teto do museu, um dos mais recentes miradouros da cidade, ou, em alternativa vá até ao SUD para beber um cocktail no Pool Lounge, que ao anoitecer ganha uma magia especial com o jogo de luzes coloridas da piscina a contrastar com o vermelho do pôr do sol de verão.
Lisboa tem uma localização privilegiada. E a pouco mais de uma hora de distância, ou até menos, são vários os locais onde vale a pena ir passar o dia. E porque não ir até à Margem Sul?
Há quem diga que é o “lado certo”, nem que seja porque tem no Cristo-Rei o miradouro mais alto e, é claro, as melhores praias. Por isso, atravessando a ponte 25 de Abril ou apanhando o ferry de Belém para a Trafaria, comece o dia “do outro lado”.
A Costa de Caparica é, desde o final da década de 1970, o lugar onde Lisboa vai a banhos… aqui, a par de um infeliz desordenamento urbanístico, há areais para todos os gostos. São 15 quilómetros de costa e de algumas das mais belas praias nacionais. Do extenso areal da Fonte da Telha à popular praia da Morena e a não menos famosa esplanada do Borda d’Água, há muito por onde escolher, mas nos últimos anos e em parte graças ao sucesso da praia de São João, com um prático parque de estacionamento que ajuda a evitar algum congestionamento, são cada vez mais os curiosos a descobrir a Cova do Vapor. Situada na foz do Tejo, esta velha vila de pescadores, que até já teve lugar num documentário no canal France 3, é uma escolha alternativa para quem quer fugir à confusão da Caparica e experimentar um Cai Bem, a bebida oficial da terra, um “refresco” com ginjinha, gasosa e hortelã, ou limonada, que pode ou não ser acompanhada de uma bola de Berlim na padaria do Eduardo.
Daqui ao Convento dos Capuchos, na área da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, é um saltinho. Construído no século XVI por frades franciscanos, 400 anos depois mantém a vista privilegiada sobre o Atlântico, com direito a ver Lisboa, o Bugio, a baía de Cascais, a serra de Sintra e até a da Arrábida e o cabo Espichel. Ainda assim há quem prefira continuar até à Trafaria, onde nos tempos do cardeal D. Henrique ficavam em quarentena as pessoas e as mercadorias que chegavam de navio a Lisboa, e onde hoje ainda se encontram muitos e bons restaurantes de comida tradicional. Seguindo pela N377, descobrimos locais como a Quinta do Tagus, um hotel instalado numa casa onde terá vivido o pintor Columbano Bordalo Pinheiro. A veracidade da história pode ser questionável, mas a vista para o rio Tejo, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém e a atmosfera de tranquilidade que aqui se vive são certamente a melhor das fontes de inspiração…
O caminho segue até Almada, para uma visita à Casa da Cerca, antiga casa senhorial convertida em centro de arte contemporânea que também inclui um anfiteatro ao ar livre e um jardim botânico que serve de cenário a oficinas e à realização artística. Em Cacilhas, além de restaurantes tradicionais como o Farol, em que as especialidades são pratos como amêijoas à Bulhão Pato ou o arroz de tamboril com marisco, há outras surpresas. É o caso do museu-submarino Barracuda e do navio-museu Fragata D. Fernando II e Glória, um majestoso veleiro de três mastros, localizado numa doca seca, a cerca de 150 metros do terminal dos cacilheiros, que foi o último navio exclusivamente à vela da Marinha Portuguesa e a última “Nau da Carreira da Índia”, e cuja visita é uma verdadeira viagem no tempo.
Do Jardim do Castelo (e o Amarra o Tejo) ao elevador panorâmico ou mesmo a prometida subida ao Cristo-Rei, que tem assinatura de António Lino e do escultor Francisco Franco, há muito por onde escolher e sempre com direito a vista panorâmica. Como somos a favor da tradição não resistimos a estacionar o carro e caminhar a pé pelo cais do Ginjal, lá até ao fundo. A ideia é encontrar mesa nos restaurantes Atira-te ao Rio e Ponto Final que há décadas se orgulham de oferecer a melhor vista para Lisboa. Existirá melhor cenário para terminar o dia?
Impossível falar em paraísos às portas de Lisboa sem destacar Sintra. Vila digna de um conto de fadas, é terra de reis e rainhas, com um castelo conquistado aos mouros, detentora de palácios exóticos e refúgios misteriosos no meio da serra de onde se avista o mar, ao longe.
Tal qual personagem de O Mistério da Estrada de Sintra, sugerimos que se faça à estrada com uma paragem inicial para visitar o centro histórico da vila. De todos os palácios medievais mandados construir pelos reis portugueses, o Palácio Nacional de Sintra é o único que atravessou os séculos e chegou até hoje praticamente intacto. Também conhecido como Palácio da Vila tem nas suas cozinhas um dos ex-líbris, graças às monumentais e duplas chaminés cónicas…
Depois de ir comprar umas queijadas na histórica pastelaria Piriquita ou fazer um brunch no Café Saudade, volte à estrada. Entre a visita obrigatória à Quinta da Regaleira e ao Palácio de Monserrate, não vão faltar locais a visitar. O ideal será investigar o site do Monte da Lua (https://www.parquesdesintra.pt/), entidade que gere os parques e principais monumentos de Sintra e preparar a sua visita, porque o tempo será sempre curto para o tanto que há para ver.
Para quem deseja aproveitar o sol, o percurso que vai de Colares à praia Grande é um clássico, que se estende à praia das Maçãs e à pitoresca aldeia das Azenhas do Mar, sobre o Atlântico. Não muito longe do cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa, está uma das praias mais bonitas de Portugal, a semissecreta praia da Ursa, que é um postal ilustrado dos bons. Para lá chegar terá de apanhar a N247 e virar para Azoia, em direção ao cabo da Roca. Após uma curva à esquerda, e já depois de passar a povoação, uma placa indica a praia da Ursa à direita. Mas vamos avisando que o acesso é difícil, mesmo para um SUV. Por isso, e porque quase todas as coisas boas da vida são difíceis de alcançar, prepare-se para uma longa caminhada e no final será recompensado por um mergulho no mar.
Para recuperar forças, o Restaurante da Adraga, ali perto, serve um peixe fresquíssimo. Com o dia a chegar ao fim, graças às luzes inteligentes e aos faróis de última geração DS MATRIX LED VISION, o regresso à estrada de Sintra e ao palácio onde vai pernoitar é feito sem problemas, entre árvores centenárias, arbustos e rochas de formas mágicas.