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Quando o sol vai alto, todos os caminhos vão dar ao Sul. Rumo a Portimão, entramos no Algarve pela costa alentejana, parando em todas as praias, sem pressas e ao sabor da vontade. À nossa espera, o areal da praia da Rocha e um quarto com vista para o mar…
Em época de férias, fugimos da autoestrada para gozar a paisagem bucólica do Alentejo. Porque não há melhor forma de conhecer o país do que através das suas estradas nacionais.
E, assim, sem pressas ou preocupações, entramos no Algarve por Aljezur, com tempo para espreitar as magníficas praias da Arrifana e Monte Clérigo, onde surfistas de todo o mundo veem crescer a paixão pelas ondas.
Aqui decida se segue para sul pela N268 ou atalha pelo interior pela N120 em direção a Lagos ou à A22 (Via do Infante). Se conseguir resistir ao frenesim de chegar ao destino, sugerimos que continue junte à orla costeira, parando nas praias da Bordeira e do Amado, cartões-postais da Costa Vicentina.
Nesta zona há mais de 400 quilómetros de trilhos e caminhos pedestres, sempre perto do mar, mas com ares a serra, dando a conhecer aos mais aventureiros um ecossistema único, perfumado pelo aroma de plantas como o rosmaninho, a esteva, a aroeira, o medronheiro ou as urzes. Um cenário de encantar que parece combinar na perfeição com a elegante silhueta curvilínea do nosso SUV e que algumas unidades de turismo rural souberam aproveitar com mestria. É o caso do Monte da Vilarinha, cujos alojamentos fazem uma reinterpretação da arquitetura local, com direito a paredes de taipa e xisto, tetos em cana, bancos de cortiça e cadeiras de palhinha de Loulé, conjugando o Algarve tradicional com o conforto do mundo moderno. Duas boas escolhas para quem aqui quiser ficar por uma ou mais noites.
Seguindo para Vila de Bispo pela N268, o desfile de praias continua. E embora a água possa ser um pouco mais fria aqui do que no resto do Algarve, a garantia é de ter umas férias mais sossegadas, com muito espaço para a toalha. Da beleza natural da quase sempre deserta praia da Murração ao imperial areal dourado da Cardoama, são várias as praias na lista das mais belas. Para fugir ao vento, a do Beliche, escavada nas falésias ocre, é uma boa escolha. Fica numa enseada entre a ponta de Sagres e o cabo de São Vicente, a ponta mais a sudoeste de toda a Europa continental, onde também é obrigatório ir para ver o melhor pôr do sol de sempre.
A força da natureza é forte por estas bandas, tal como é forte a gastronomia. Entre as maiores especialidades estão os percebes, sempre suculentos, apanhados à mão nos recifes em redor de Sagres, uma prática ancestral cada vez mais rara. Mexilhões, feijoada de choco, lapas grelhadas, navalheiras, salada de polvo, camarão, choco frito e cataplanas são outras das iguarias que poderá encontrar em restaurantes locais como a Eira do Mel, já no caminho para a praia do Castelejo.
Lugar mítico da história dos Descobrimentos Portugueses, a Fortaleza de Sagres tem direito a paragem da praxe. Construída em meados do século XV a mando do infante D. Henrique, é uma das atrações históricas mais visitadas do Algarve e o nosso último desvio antes de regressarmos à estrada, com a imagem da imensidão do Atlântico presa à memória…
Seguimos novamente pela N125, em direção a Lagos, com a opção de parar no Burgau para observar o regresso dos barcos à praia depois da faina. Passada a praia da Luz, procure em Lagos as indicações para a Ponta da Piedade, um dos cenários mais extraordinários do Algarve e também um dos mais turísticos. A culpa é dos ventos e das marés que esculpiram as rochas, formando um sistema de grutas e túneis que é uma verdadeira maravilha da natureza. Para chegar aqui de carro, é necessário percorrer a estrada para as praias da Dona Ana e do Camilo, consensuais como das mais bonitas do Algarve, terminando no farol de Lagos.
Avizinha-se a ria do Alvor. De um lado, o mar, do outro, o estuário que penetra terra dentro, lar de dezenas de espécies de aves e sapais onde ainda hoje se pescam peixes e moluscos de forma tradicional. Talvez por isto, o Alvor ainda conserve muito do seu encanto de pitoresca vila de pescadores, com as suas ruas de casas brancas e colorido dos barcos à volta da antiga lota. Mas se decidir ir até à praia – com acesso viário alcatroado a partir da povoação (sinalizada na N125), seguindo na direção Torralta/Praias –, evite caminhar fora das passadeiras e trilhos estabelecidos, construídos para preservar o sistema dunar, alvo de uma requalificação recente.
A praia da Rocha é uma das mais famosas e emblemáticas praias do Algarve. Com um vasto areal dourado a perder de vista e um tranquilo mar turquesa, foi durante décadas estância de verão de famílias abastadas do Algarve, da Andaluzia e também de Inglaterra.
Paramos para deixar as malas no Bela Vista Hotel & Spa, hotel que data desse período, mantendo muito do velho estilo Belle Époque, apesar e também graças à luxuosa remodelação que sofreu há cerca de oito anos. No topo de uma falésia sobranceira ao mar, o que lhe garante acesso direto à praia, não poderia estar mais bem localizado.
Para conhecer um pouco da história da cidade, a sua ligação à indústria conserveira e atividades marítimas, sugerimos que visite o Museu de Portimão, nas antigas instalações da fábrica de conservas Feu. Da igreja matriz, no interior das antigas muralhas, à Igreja do Colégio dos Jesuítas, um dos edifícios mais bonitos da cidade (na Alameda da Praça da República), volte a pegar no carro e vá até à Fortaleza de Santa Catarina de Ribamar, contruída no reinado de D. Filipe II para defender a barra do Arade, com direito a vista panorâmica sobre a marina e o castelo de São João do Arade, na outra margem.
Faça depois inversão de marcha em direção à velha ponte rodoviária que liga Portimão a Ferragudo, uma espécie de ícone local. Num mural junto à velha ponte rodoviária lê-se “A boa sardinha no pão come-se em Portimão”, uma alusão ao Festival da Sardinha que todos os anos se realiza em agosto na zona ribeirinha. Se a fome apertar, volte à esquerda na N125 até à Mexilhoeira Grande. A Adega Vila Lisa é um clássico da gastronomia regional (da terra e do mar), que termina sempre com o obrigatório medronho.
Em alternativa, e porque o dia vai longo, regresse ao Bela Vista a tempo de dar um mergulho na piscina exterior de água doce, rodeada de palmeiras e com vista sobre o oceano Atlântico. E para terminar o dia em grande estilo, delicie-se com uma experiência de fine dining no restaurante Vista, que graças à cozinha criativa e sofisticada do jovem chef João Oliveira ostenta uma estrela Michelin.
A luz de Lisboa é mágica. Capaz de encantar poetas, pintores e cineastas, a capital seduz e embala quem nela se aventura. Pelas ruas pitorescas de Alfama, entre miradouros e um mergulho no mar, atravessámos o Tejo para ver a cidade de longe, antes de percorrer as estradas de Sintra, à procura de castelos e de histórias de encantar.
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